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mas não encontrou nada que lhe despertasse o apetite. A mulher tinha pensado
nele, não o deixaria passar fome, mas o esforço de pôr a mesa, aquecer a comida,
lavar depois os pratos, parecia-lhe hoje sobre-humano. Saiu e foi a um
restaurante. Já sentado à mesa, enquanto esperava que o servissem, telefonou à
mulher, Como vai o teu trabalho, perguntou-lhe, Sem demasiados problemas, e tu
como estás, Estou bem, só um pouco inquieto, Não te pergunto porquê, com esta
situação, É algo mais, uma espécie de estremecimento interior, uma sombra,
como um mau agouro, Não te conhecia supersticioso, Sempre chega a hora para
tudo, Ouço ruído de vozes, onde estás, No restaurante, depois irei para casa, ou
talvez passe antes por aí a ver-te, ser presidente da câmara abre muitas portas,
Posso estar a operar, posso demorar-me, Bom, já o pensarei, um beijo, Outro,
Grande, Enorme. O criado trouxe-lhe o prato, Aqui tem, senhor presidente, que lhe
faça bom proveito. Estava a levar o garfo à boca quando uma explosão fez
estremecer de alto a baixo o edifício, ao mesmo tempo que rebentavam em
estilhaços os vidros de dentro e fora, mesas e cadeiras foram atiradas ao chão,
havia pessoas a gritar e a
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gemer, algumas estavam feridas, outras aturdidas pelo choque, outras trémulas de
susto. O presidente da câmara sangrava de um corte na cara causado por um
pedaço de vidro. Era evidente que tinham sido atingidos pela onda expansiva do
rebentamento. Deve ter sido na estação de metro, disse entre soluços uma mulher
que tentava levantar-se. Apertando um guardanapo contra a ferida, o presidente
da câmara correu para a rua. Os vidros estalavam-lhe debaixo dos pés, lá adiante
erguia-se uma espessa coluna de fumo negro, pareceu-lhe mesmo ver um
resplendor de incêndio, Aconteceu, é na estação, pensou. Tinha lançado fora o
guardanapo ao compreender que levar a mão apertada contra a cara lhe
entorpecia os movimentos, agora o sangue descia livremente pela face e pelo
pescoço e ia empapar-se no colarinho. Perguntando-se a si mesmo se o serviço
ainda funcionaria, parou um momento para marcar o número do telefone que
atendia as emergências, mas o nervosismo da voz que lhe respondeu indicava
que a notícia já era lá conhecida, Fala o presidente da câmara, rebentou uma
bomba na estação principal do metro de superfície sector leste, mandem tudo o
que puderem, os bombeiros, a protecção civil, escuteiros, se ainda se encontram,
enfermeiros, ambulâncias, material de primeiros socorros, tudo o que tiverem ao
vosso alcance, ah, outra coisa, se há alguma maneira de saber onde vivem
agentes da polícia reformados, chamem-nos também, que venham ajudar, Os
bombeiros já vão a caminho, senhor presidente, estamos a fazer todos os
esforços para. Cortou a ligação e precipitou-se outra vez à carreira. Havia pessoas
correndo ao seu lado, algumas, mais rápidas, passavam-lhe à frente, a ele
pesavam-lhe as pernas, eram como chumbo, e parecia que os foles dos pulmões
se recusavam a respirar o ar espesso e malcheiroso, e uma dor, uma dor que
rapidamente se lhe fixara à altura da traqueia, aumentava a cada instante. A
estação estava já a uns cinquenta metros, o fumo pardo, cinzento, iluminado pelo
incêndio, subia em novelos furiosos.
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Quantos mortos estarão ali dentro, quem pôs esta bomba, perguntou-se o
presidente da câmara. Ouviam-se já perto as sereias das viaturas dos bombeiros,
os uivos aflitivos, mais de quem implora socorro do que de quem o vem trazer,
eram cada vez mais agudos, de um momento para o outro vão irromper de uma
destas esquinas. A primeira viatura apareceu quando o presidente da câmara
abria caminho por entre o ajuntamento de pessoas que tinham corrido a ver o
desastre, Sou o presidente, dizia, sou o presidente da câmara, deixem-me passar,
por favor, e sentia-se dolorosamente ridículo ao repeti-lo uma e outra vez,
consciente de que o facto de ser presidente não lhe abriria todas as portas, ali
dentro, mesmo, para não ir mais longe, havia pessoas para quem se tinham
fechado definitivamente as da vida. Em poucos minutos, grossos jorros de água
estavam a ser projectados pelas aberturas do que antes haviam sido portas e
janelas, ou subiam ao ar e iam molhar as estruturas superiores para tentar reduzir
o perigo de que o fogo alastrasse. O presidente da câmara dirigiu-se ao chefe dos
bombeiros, Que lhe parece isto, comandante, perguntou, Do pior que vi alguma
vez, até tenho a impressão de que me cheira a fósforo, Não diga isso, não é
possível, Será impressão minha, quem dera que esteja enganado. Nesse
momento apareceu um carro de reportagem da televisão, logo apareceram outros,
da imprensa, da rádio, agora o presidente da câmara, rodeado de projectores e
microfones, responde às perguntas, Quantos mortos calcula que terá havido, De
que informações dispõe já, Quantos feridos, Quantas pessoas queimadas,
Quando pensa que a estação poderá voltar a funcionar, Há alguma suspeita de
quem tenham sido os autores do atentado, Foi recebido algum aviso antes do
rebentamento, Em caso afirmativo, quem o recebeu, e que medidas foram
tomadas para evacuar a estação a tempo, Parece-lhe que se terá tratado de uma
acção terrorista executada por algum grupo relacionado com o actual movimento
de subversão urbana, Espera que venham a verificar-se
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mais atentados deste tipo, Como presidente da câmara municipal e única
autoridade da cidade, quais são os meios de que dispõe para proceder às
necessárias investigações. Quando a chuva de perguntas se interrompeu, o
presidente da câmara deu a única resposta possível naquela circunstância,
Algumas das questões ultrapassam as minhas competências, portanto não lhes
posso responder, suponho, no entanto, que o governo não deverá tardar a fazer
uma declaração oficial, quanto às questões restantes, só posso dizer que estamos
a fazer tudo quanto é humanamente possível para acudir às vítimas, oxalá
consigamos chegar a tempo, ao menos para algumas, Mas quantos mortos há,
afinal, insistiu um jornalista, Quando pudermos entrar naquele inferno o
saberemos, até esse momento poupe-me, por favor, a perguntas estúpidas. Os
jornalistas protestaram que aquela não era uma maneira correcta de tratar a
comunicação social, que estavam ali a cumprir com o seu dever de informar e [ Pobierz caÅ‚ość w formacie PDF ]

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